Perante a escadaria, o burburim, o gáudio trespassa as altas paredes e grades de ferro imponentes. O local que outrora era silêncio, paz e serenidade, tornou-se por um dia, apenas um dia, palco do fausto e ostentação da vida!
Subo as escadas, e no local das frias lápides, antevejo uma imensidão de vultos que emitem um estrondoso som capaz de levar os que ai repousam eternamente a loucura! Caminho no meio das pessoas, em direcção ao local habitual, conseguindo ouvir as conversas alheias de sicrano e belcrano, a tecerem enxurilhos de críticas!
O local dedicado ao culto dos nossos entes queridos, usualmente repleto de serenidade e solenidade, metamorfosa-se por uma dia, num autêntico baile das vaidades, repleto de ostentação. O solo sagrado abre então as portas aos pecados capitais e deixa-se invadir pelas luxúria, gula, avareza, inveja; conspurcando desta forma a memória daqueles que amamos e que em tempos nos amaram.
Afirma-se gloriosamente que este dia celebra os que nos abandonaram, mas creio que este dia tende a celebrar a vaidade dos que vivem!
Respeitemos os nossos mortos, não através de demonstrações deste género, mas trazendo-os todos os dias nos nossos corações e relembrando-os no simples dia à dia.
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