segunda-feira, 15 de julho de 2013

Tempo que foge

Um ano passou desde que aqui deixei o meu testemunho pela última vez! Tanta coisa mudou, e no entanto tudo se mantém idêntico! Contra-senso, tal como a vida, sem sentido, contraditória, fria, distante, e porém harmoniosa e bela!
O verão já teve início, quente como só ele sabe, fazendo desabrochar uma primavera revolucionária no meu espírito! Tremo de medo das mudanças que sinto ocorrer, mas não posso, no entanto, deixar de abraçá-las, aceitá-las e acariciá-las!
Será possível ter que se deixar uma alma moribunda morrer de uma vez por todas para se poder dar um renascimento? Veremos o que esses novos ventos nos trazem!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Primavera em Trás-os-Montes


Sento-me no alpendre para fumar um cigarro. A negrura da noite está instalada, as estrelas escondem-se atrás das nuvens. As narinas são acariciadas por um doce cheiro a terra molhada, a chuva, há tanto desejada, caí pausadamente. Observo as luzes das aldeias à volta, que, apesar da negrura, deixam perceber os montes e vales que podem ser observados.
A chuva continua a cair, o doce odor da terra molhada intensifica-se..... finalmente chegou a Primavera!

sábado, 24 de março de 2012

A memória de Amantino


1944-2012

Redobram os sinos... anunciando mais uma partida, demonstrando a efemeridade da vida! Olho em volta, e vejo rostos onde a dor se finca com tanta força, que os deixa repletos de vincos! Redobram os sinos... a urna é fechada, olhou-se uma última vez para o corpo, que jaz já sem vida, frio, austero, ausente... um último adeus entre lágrimas....
Redobram os sinos.... a urna é levada, o padre ironicamente fala em alegria, que o nosso irmão se juntou ao Pai, e todos os que antes partiram! "Alegrai-vos, porque nosso irmão está bem!" As lágrimas soltas caem no solo sagrado, filhos privados de um pai, esposa que nunca mais verá seu parceiro de vida, netos que nunca mais brincarão com ele!
Os sinos deixaram de redobrar, o caixão é levado até ao seu último local, juntando-se a terra, o eterno abraço dos vermes, a total escuridão que abraça um corpo vazio!
Os sinos não redobram mais.... o silêncio voltou ao local, as lágrimas secaram mas o vazio prolonga-se, nunca sendo jamais preenchido, mas apenas sim atenuado......

Em memória de meu tio que faleceu no passado sábado, que a terra te seja leve para o resto da eternidade, em breve nos reencontraremos!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Epístola aos estúpidos!

Como vos invejo a vós classe medíocre! Recheados de certezas, repletos de arrogância a encher-vos o peito! Nunca duvidais de nada, nada temeis... A vós, apenas a vã certeza vos assola a alma!
Como vos invejo a vós estúpidos que pernoitais descansados, certos de que no dia a seguir ireis firmar mais um pacto com a verdade infinita!
Invejo-vos a capacidade de não admitirdes ou sequer reconhecerdes que falhastes, tal como muitos outros falharam!
A vós a quem a estupidez acompanha, caminhais seguros pelo caminho da vida, rodeados de uma verdade absoluta inexistente, invejo-vos!
Invejo as noites de paz e tranquilidade que vos acompanha, invejo-vos os dias repletos de luz e calor!
Invejo-vos porque os meus dias estão rodeados de dúvidas, incertezas, que me atormentam a alma, que não me permitem, em plena noite de luar, antever a cristalinidade das estrelas! Porque me ensombram os dias de sol, agoniando nos sonhos, recheados de medos, incertezas sobre tudo quanto existe!
Invejo e anseio pela estupidez, apenas e tão somente para poder alcançar e gozar de paz de alma, poder finalmente descansar nas noites de solidão, sem temer o desconhecido, deixando todas as incertezas e dúvidas para outros.
Mas no fundo, não seremos todos afortunados pela estupidez? Apenas uns sofrem mais do que outros! Sim, alguns sabem que assim o somos, e que nunca atingiremos a Verdade, e assim somos atormentados pela nossa incapacidade de A atingirmos! Enquanto os afortunados crêem que A alcançaram, repousando a sombra de árvores secas, sem frutos.

Afortunados estúpidos, invejo-vos a grandiosa estupidez que vos assola, e anseio pela Ignorância, mãe do descanso e da paz interior de que sois possuidores!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Ode aos dandistas!


Como eu amo o dandista... o ser que se dedica, de plena alma, consciência e amor ao ócio, a intelectualidade, ao conhecimento. Regozija ao conhecer várias capitais europeias, abstrai-se da realidade que o envolve, aprende com o savoir-faire que lhe é característico tudo quanto possa aprender! Como eu amo o dandista que durante horas a fio fala das suas experiências, transmite conhecimento, divaga sobre questões existenciais profundas! Como eu o amo!!
O ser mais vil, que porventura, se poderá apresentar a minha frente, e atormentar a minha alma, será aquilo que denomino de pseudo-dandista! Aquele que pretende aparentar ser dandista, mas que se apresenta oco e vazio por dentro, sem conhecimento, com pseudo melodramas existenciais superficiais e fúteis.
Pedindo, desde já, as minhas mais sinceras desculpa pela arrogância patente no discurso, mas abomino a mediocridade característica da nossa sociedade portuguesa, a pseudo burguesia, com tentativas de ascendências a sabe-se lá deus o quê! que nada sabem, nada fazem pela vida a não ser queixarem-se da injustiça divina que lhe é tão característica e que somente eles atormenta!
A esses... nada mais que o meu repúdio vos posso dedicar, e em vossa honra escrevi este post... porque me revoltais, porque me enojais, porque não vos suporto e nem desejo suportar mais!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Para quem me conhece e pense que avariei de vez do sistema, estes últimos post não passam de pseudo tentativas de me armar em escritora... pseudo filosófico e pseudo profunda.... porque continuo a ser uma pseudo pessoazinha ;).... e talvez quem saiba tenha mesmo avariado de vez da mioleira... devido a excessos de antibióticos....heheheheh

Memórias


Ao abraçar a noite assolam-me fragmentos de vida, recordando saudosamente o que um dia foi meu, e ansiando ardentemente por aquilo que nunca teve. Mas a memória falha, esquecendo aquelas pequenas marcas presentes e espalhadas pelo teu corpo torneado, realçando a profundeza dos teus olhos, que lembram a tranquilidade e imensidão do mar... mar que já foi meu, no qual me afoguei vezes sem conta... e que perdi.
Recordo o teu sorriso, contagiante, o jeito e suave toque dos teus lábios a percorrerem cegamente o meu corpo, sem qualquer pressa...
A dualidade que a noite aporta angustia-me a alma. Receio-la por um lado, porque me traz a lembrança uma dor aguda e profunda pela perda do ser que um dia amei. E anseio-la, por poder reviver momentos de felicidades plena, voltar a ter-te a meu lado, sentir-te novamente... até te esfumaçares numa nuvem passageira e ver-te partir em direcção as estrelas... para ficar novamente na escuridão...

domingo, 18 de dezembro de 2011


A negritude assola a minha alma, ou o que resta dela.... envolvendo-me num torpor que apenas me faz ansiar pelo eterno silêncio, vazio, plenitude da serenidade. Fecho os olhos e apenas vejo.... remendos.... fragmentos de uma vida que nunca existiu... e que nunca existirá... sonhos de uma pequena e frágil criança desfeitos pela dureza de uma vida exigente que tudo nos rouba até nos deixar sem nada.... sem esperança...
De manhã levanto-me, repleta de frustração, dor, medo, rancor para com uma vida cruel, sem dó, sentimentos refreados e ocultados sob um sorriso que me esforço por manter durante o dia... aparências!!! Não é disso que todos vivemos... ilusões,desilusões,utopias, enganos.... não passando de fantoches inanimados, a mercê de um deus cru.....
Mas a noite,na solidão dos lençóis, o luar envolve-nos, novamente, na doce dor, que apenas cessará.... quando as estrelas levarem consigo a réstia de alma perdida e assolada, e a terra embrulhar o meu corpo macerado num último, terno e forte abraço ardente.

Meses, dias, horas passaram desde o último manifesto de consciência.... uma eternidade decorreu...mas olhando para trás o Tempo esvaiu-se.... acções atropelaram-se umas as outras, retirando o fôlego, sem hipótese para digerir o que quer que seja.... e agora, no presente momento, apenas resta a angústia que preenche este corpo, que aqui já vazio de sentimentos, vazio de alma.... respondendo aos meros impulsos necessários à sobrevivência.